04/11/2017

PARA REFLETIR


• O Evangelho do 31º Domingo do Tempo Comum dá conta de uma das mais profundas divergências entre a proposta de Jesus e a cultura contemporânea… Os valores que governam o nosso mundo garantem-nos que a realização plena e a felicidade do homem dependem da posição a que ele conseguir elevar-se na estrutura hierárquica da comunidade em que está inserido (social, religiosa, profissional…) e do poder, da importância, do reconhecimento que ele souber granjear, da sua capacidade de obter sucesso; Jesus garante-nos que a realização plena do homem depende da sua capacidade de amar e de servir… Em jogo estão duas visões antagónicas da finalidade da vida do homem e dos caminhos que cada pessoa deve percorrer para atingir a sua realização plena… De acordo com a nossa sensibilidade e a nossa experiência de todos os dias, quem tem razão?
• A Igreja, testemunha do Reino e dos valores propostos por Jesus, tem de ser uma comunidade de irmãos que vivem no amor. Nela, não podem ser determinantes os títulos, os lugares de honra, os privilégios, a importância hierárquica… Na comunidade cristã, a única coisa determinante é o serviço simples e humilde que se presta aos irmãos. Na prática, é assim que as coisas se passam? Que valor tem, na Igreja, os títulos, as posições hierárquicas, a visibilidade, os cargos, os privilégios, os lugares de honra? Tudo isso não poderá contribuir decisivamente para criar divisões que afectam a fraternidade e que negam os princípios sobre os quais se constrói o Reino? Quando a vida das nossas comunidades cristãs é marcada por lutas pelo poder, conflitos, ciúmes, a comunidade está a avançar em direcção à fraternidade e ao amor?
• Mateus, ao apresentar-nos essa poderosa invectiva contra os “fariseus”, está a avisar os crentes contra a perpetuação de um “farisaísmo” que destrói a comunidade. Está a sugerir que quando alguém se arroga o direito divino de se instalar na cadeira do poder e se constitui como único e decisivo critério de verdade, pode facilmente substituir o Evangelho pelas suas próprias normas, pelas suas próprias leis, pelos seus próprios esquemas e visões de Deus e do mundo.
• Mateus, ao escalpelizar a incoerência dos “fariseus”, está a avisar-nos contra a tentação de mostrarmos o que não somos, de vendermos uma imagem “corrigida e aumentada” de nós próprios para obtermos o aplauso e admiração dos outros, de vivermos para as aparências e não para o compromisso simples e humilde com o Evangelho… É que a mentira e a incoerência destroem a paz do nosso coração, roubam-nos a alegria e a serenidade, comprometem o nosso testemunho, minam a comunidade e põem em causa os fundamentos do Reino.
• Mateus, ao denunciar a tendência dos “fariseus” para impor aos outros pesos insuportáveis, está a avisar-nos contra a tentação de inventar exigências e obrigações, mandamentos e leis que criam escravidão, que oprimem as consciências, que metem medo, que impedem os filhos de Deus de viverem livres e felizes. Isso acontece na Igreja de que fazemos parte? As cargas com que, às vezes, carregamos os homens e mulheres nossos irmãos, serão sempre consequência da radicalidade do Evangelho?
(Dehonianos)

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